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Inacreditável! São Conrado viu Nosso Senhor celebrar uma Missa – conheça esta magnífica história

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Em setembro de 948, o abade de Einsiedeln, Eberhaad, pediu a São Conrado, Bispo de Constância, que se dignasse fazer a consagração da igreja de sua Abadia.

O Prelado atendendo a solicitação, dirigiu-se ao Convento, acompanhado do Santo Bispo de Augsbourg, Ulric, e de uma comissão de cavalheiros da sociedade. 

No dia fixado para a cerimônia, São Conrado e alguns religiosos se dirigiram a igreja, alta noite, e se puseram em oração.
De repente, viram que a igreja se iluminara de uma luz celeste e que o próprio Jesus Cristo, acolitado pelos quatro evangelistas, celebrava no altar o oficio da Dedicação. 

Anjos espargiam perfumes à direita e à esquerda do Divino Pontífice; o apóstolo São Pedro e o Papa São Gregório seguravam as insígnias do pontificado; e diante do altar se achava a Santa Mãe de Deus, circundada de uma auréola de glória.
 
Um coro de anjos, regido por São Miguel, fazia vibrar as abóbadas do templo com seus cantos celestiais. Santo Estêvão e São Lourenço, os mais ilustres mártires diáconos, desempenharam as suas funções.

São Conrado refere em uma de suas obras as diversas exclamações dos anjos no canto do Sanctus, do Agnus Dei e do Dominus vobiscum final.

Ao Sanctus, entre outras, diziam eles: “Tende piedade de nós, ó Deus, cuja santidade refulge no santuário da Virgem gloriosa. Bendito seja o Filho de Maria, que vem a esse lugar para reinar eternamente!”

São Conrado, bispo de Constanza, tinha clara noção da imensa gravidade e seriedade de cada Missa. Maravilhado com semelhante aparição, o Bispo continuou a rezar até onze horas do dia. 

E o povo esperava com ansiedade o início da cerimônia, sem que, no entanto, alguém ousasse indagar a causa dessa demora. Afinal, alguns religiosos se acercam do Prelado e lhe pedem que comece a solenidade. 

Mas São Conrado, sem deixar o lugar onde rezava, conta com simplicidade tudo o que presenciara e ouvira. Sua narração fez supor que ele estivesse sob a ilusão de um sonho

Finalmente, o santo Bispo, cedendo às instâncias de todos, dispôs-se a proceder a consagração da igreja.

Foi então que aos ouvidos dos fiéis escutaram estas palavras, pronunciadas por uma voz angélica, que repercutiu em toda a assembleia, dizendo mais de uma vez, na linguagem da Igreja:

“Cessa, cessa, frater! Capella divinitas consecrata est: detende-vos, detende-vos, meu irmão, a capela já foi divinamente consagrada.”

Pela Missa bem rezada, São Conrado liberou inúmeras almas do Purgatório. Dezessete anos mais tarde, São Contado, Santo Ulrico e outras testemunhas oculares do acontecimento, encontrando-se reunidos em Roma, prestaram acerca dele um solene testemunho.

E depois de todas as necessárias informações jurídicas, Leão VIII deu publicidade ao fato por meio de uma bula especial, que foi confirmada pelos papas Inocêncio IV, Martinho V, Nicolau IV, Eugênio VI, Nicolau V, Pio II, Júlio II, Leão X, Pio IV, Gregório XIII, Clemente VII e Urbano VIII. 

E, a 15 de maio de 1793, Pio VI ratificou os atos de seus predecessores, a despeito dos céticos, sempre prontos a duvidar do que lhes não convém, e cheios de credulidade absurda para com o que os lisonjeia.


( Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento – Pe. Alberto Tesnière, S.S.S. – Tip. Maria Auxilium, S.P. – 1ª edição, 1946, pp. 76 -77)


- Diga-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para ti, na hora da morte?

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 Quando São João Bosco teve a aparição de São Domingos Sávio poucos dias depois que este havia morrido, quis fazer-lhe esta pergunta:

- Diga-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para ti, na hora da morte?

- Dom Bosco, adivinhe?

- Talvez o pensamento de ter bem guardado o lírio da pureza?

- Não.

- Talvez o pensamento das penitências feitas durante a vida?

- Nem isso.

- Então terá sido a consciência tranquila… livre de todo o pecado?

- Este pensamento me fez bem; mas a coisa mais consoladora pra mim na hora da morte foi pensar que tinha sido devoto de Nossa Senhora! Diga-o aos seus jovens e recomende com insistência a devoção a Nossa Senhora.

Da Oblação de Cristo na Cruz e da Própria Resignação

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Voz do Amado


1.  Assim como eu a mim mesmo ofereci espontaneamente ao Pai eterno, com os braços estendidos e o corpo nu, de modo que nada restasse em mim que não fosse oferecido em sacrifício de reconciliação divina: assim também deves tu de coração oferecer-te voluntariamente a mim todos os dias na Santa Missa, em oblação pura e santa, com todas as tuas potências e afetos. Que outra coisa exijo de ti senão que te entregues inteiramente a mim? De tudo que me deres fora de ti, não faço caso; porque não busco teus dons, mas a ti mesmo.
2.  Assim como não te bastariam todas as coisas sem mim, assim me não pode agradar o que sem ti me ofereces. Oferece-te a mim, dá-te todo a Deus, e será aceita a tua oblação. Olha como me ofereci todo ao Pai por ti, e dei-te todo o meu corpo e sangue em alimento, para ser todo teu e para que tu te tornasses meu.
Se, porém, te apegares a ti mesmo, e não te ofereceres espontaneamente à minha vontade, não será completa tua oblação, nem perfeita a união entre nós. Portanto, a todas as tuas obras deve preceder o voluntário oferecimento de ti mesmo nas mãos de Deus, se desejas alcançar a liberdade e a graça. O motivo de haver tão poucos interiormente esclarecidos e livresé que muitos não sabem abnegar-se de todo a si mesmos. É imutável minha sentença: Quem não renunciar a tudo não poderá ser meu discípulo (Lc 14,33). Se desejas, pois, ser meu discípulo oferece-te a mim com todos os teus afetos.

Imitação de Cristo – Tomás de Kempis
Fonte:

Casal sem Filhos

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charles_haigh_wood-the_trystNo lugar onde se encontrava a casa da bem-aventurada Virgem-Maria, no quarto em que se deu a aparição do arcanjo Gabriel, onde Lhe deu a extraordinária mensagem de Deus, e no qual o Filho de Deus, no instante mesmo da humilde aceitação da Virgem, Se encarnou em Seu puríssimo seio, em Nazaré, cidade bendita, levanta-se hoje uma igreja cujo altar-mor tem em seu frontispício esta inscrição: “Verbum caro hic factum est – Aqui o Verbo se fez carne”. O Filho de Deus, querendo vir entre nós, começou aqui Sua existência humana, sob a forma humana.
Palavras sublimes! Cada vez que as pronunciamos, recitando o “Angelus”, ajoelhemo-nos. Mas o sacerdote também, na missa, genuflete quando na recitação do “Credo” chega a estas palavras: “Et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine, et homo factus est“. Ele Se fez homem. O Filho de Deus se fez homem, para começar Sua carreira terrestre, sob o aspecto de uma criancinha incapaz de falar, toda pequena vida humana que começa, resplandece, diante de nós uma coisa santa. E depois que a SS.Virgem trouxe em Seus braços o Menino-Deus uma espécie de auréola sobrenatural circunda a fronte de toda mãe de família. É também santa a dignidade de mãe.
Todos acharão, pois, natural que, nesta série de instruções sobre a família cristã e o casamento ideal, eu deva chegar a este ponto e queira consagrar-lhe vários sermões: O berço é um móvel indispensável na família. A criança faz parte integrante da família. Se o casamento não se expressasse em latim senão pela “coniugium“: “jugo-comum”, bastariam para realizá-lo plenamente e torná-lo feliz, as duas peças do mobiliário de que já falamos anteriormente, e que auxiliam a levar alegremente este jugo comum: a mesa de família e o crucifixo.
Mas o casamento se diz também em latim “matrimonium“, e isto indica um círculo inteiramente novo de obrigações: a criança precisa de um outro móvel: o berço. Dizei-me, vistes já a pequena ave fazer o seu ninho para que permaneça vazio? Ou apenas para que aí chilreie um passarinho? Não. Não há pássaro não há só um animal que assim faça, mas só o homem. Unicamente o homem descobriu essa coisa insensata: a família sem filhos.
Sim, é preciso falar disso, e bem alto, desta cátedra cristã, por delicado e difícil que seja o assunto. Consternados ouvimos jovens combinar antes se seu casamento e declararem: “Nós não teremos filhos, isto é natural, ou quando muito, um só″. São porventura muito severas as palavras de Santo Agostinho, quando chama tal existência, não um matrimônio, mas sim relações pecaminosas, sancionadas pelas formas legais?
Não trememos quando ouvimos as mães e mesmo as avós dizerem à sua filha, ou à sua neta ao se casarem, e repetirem com insistência: “Minha filha, cuidado, nada de filhos, Compreendestes? Nada de filhos”.
Olhemos de frente esta maneira perniciosa de ver as coisas. É preciso mostrar que a família voluntariamente estéril é como a árvore seca condenada a ser cortada. É preciso demonstrar que o filho pertence à idéia de família, não um, nem dois, mas vários. Naturalmente é preciso examinar as objeções e os pretextos que se apresentam no mundo moderno contra o filho.
Estas objeções formarão o objeto da instrução próxima. Nesta mostrarei que a exclusão do filho em uma família é um pecado. Um pecado:
I- Contra Deus.
II- Contra o filho.
III- Mesmo contra os interesses bem compreendidos dos próprios esposos. 
I – UM PECADO CONTRA DEUS
Primeiramente preciso mostrar, categoricamente que o Cristianismo sempre designou o filho como fim primeiro do matrimônio, e hoje ainda com bastante coragem, levanta uma voz contra certas idéias que se espalham pelo mundo, contra um modo de agir incrivelmente frívolo, que cada vez mais perigosamente contagia os esposos, mina a felicidade familiar e ao mesmo tempo a força da nação. Esta palavra de ordem terrível, essas idéias, este modo frívolo, é o receio de filhos.
A) Precisamos constatar dolorosamente que sobre esta questão se tinha uma idéia mais bela e mais nobre já antes do Cristianismo, quer entre os pagãos, quer entre os povos anteriores a Nosso Senhor Jesus Cristo.
É muito conhecido o caso da pagã Cornélia, a quem suas amigas, visitando-a ornadas de ricas jóias, perguntavam-lhe num tom afetado: “E vós mostrai-nos vossas jóias”. E esta pagã apresentou-lhes seus filhos dizendo: “Eis minhas preciosas jóias”.
Não mais preciso lembrar particularmente o magnífico amor aos filhos, manifestado pelo povo do Antigo Testamento, onde a ausência do filho passava por uma vergonha. Mesmo hoje não se pode ler sem emoção nos Santos Livros as fervorosas orações que as mulheres sem filhos dirigiam a Deus, pedindo a maternidade.
B) Chega, porém, o Cristianismo, e cresce ainda mais a grandeza deste nobre sentimento.
Com uma gravidade sem exemplo, fala do papel dos pais na transmissão da vida, porque sabe que o homem recebeu da confiança divina aquela faculdade de dar a vida, e por isso os pais participam da obra criadora de Deus. A vida conjugal e o exercício do dever conjugal não são, pois, nem uma humilhação, nem um pecado aos olhos do Cristianismo. Mostram, porém, neles, traços divinos, traços que enobrecem os colaboradores do Criador.
Dar a vida! Nunca, em parte alguma o homem o pode fazer, senão aqui neste instante. O homem pode tomar a vida de mil maneiras. O homem pode destruir a vida de mil formas. Mas dar a vida, ele não o pode, salvo dar o corpo, instrumento da alma, que Deus criou no momento da formação de um novo corpo humano. Ele mesmo a criou imediatamente e a depôs neste corpo humano, menor que um ponto.
Ah! Se os esposos vivessem sempre com a idéia que o Criador Se encontra entre eles; se sentissem, por assim dizer, o ruflar das asas do anjo que o Deus Criador envia neste instante ao pequenino corpo humano!
C) Veio, porém, o mundo egoísta atual e transformou esta nobre maneira de ver.
O mundo não quer ouvir falar senão de comodidades e prazeres, mas não deseja conhecer os sacrifícios que os acompanham. Para o mundo a criança não é mais um “dom de Deus”, e sim, “uma catástrofe”, um peso do qual se deve libertar por todos os meio, a fim de que não se perturbem os prazeres de duas pessoas grandes.
Eis, porém, a Igreja Católica, que não teme afirmar aberta e formalmente que é um pecado contra Deus impedir, de qualquer maneira, o nascimento do filho, aconteça isto por uma intervenção humana ou de qualquer outro modo. É uma profanação e um aviltamento da vida conjugal, uma grave ofensa ás leis naturais e aos mandamentos divinos, que o mundo frívolo chama de precaução e “sabedoria”, mas a que a Igreja não pode senão aplicar estas palavras de São Tiago: “Uma semelhança sabedoria não vem do alto, é terrestre, é carnal, diabólica” (Tiago, 3,15).
Sim, uma sabedoria diabólica, pois Nosso Senhor chama o demônio “homicida desde o princípio” (Jo 8,44). Se o profeta Isaías vivesse atualmente, ele diria que esses esposos fizeram um pacto com a morte, e uma aliança com o inferno (Is. 28,15). E se o salmista escrevesse hoje, faria ouvir a estes esposos estas terríveis palavras: “Amou a maldição e ela cairá sobre ele; não quis a bênção, e ela dele se afastará. Cobriu-se da maldição como de uma veste, e ela entrou como água dentro dele, e como óleo em seus ossos. Seja ela para ele como a veste que o cobre, e como a cintura que o cinge sempre”. (Sl 108, 18-19)
Quem não conhece famílias sem filhos, onde tudo isto se realizou se maneira terrível? Espíritos vingadores e mudos os terrificam, assim como as doenças do corpo e do espírito, falta de coragem, abatimento, e todos os flagelos de uma consciência inquieta, pois afastar o filho por meios pecaminosos é um pecado contra a ordem formal do próprio Deus Criador.
II – UM PECADO CONTRA OS INTERESSES DO FILHO
É igualmente um pecado contra os interesses do filho, da criança.
Não podemos racionalmente duvidar que o filho faz parte da família. Eis por que a maior parte dos esposos quer receber um filho das mãos de Deus; mas um só; quando muito dois. E não mais, por nada do mundo. E não pensam o quanto eles pecam contra o filho único que possuem, não querendo, sob diversos pretextos, outros filhos.
A) Os pais de filho único têm o costume de dizer muitas vezes que não é o número que importa, e sim a qualidade; eles não darão muitos filhos à Pátria, mas somente um; este, porém, será um ilustre personagem.
Infelizmente a vida mostra muitas vezes o contrário. Mostra que os verdadeiros homens ilustres não vêm das famílias de filhos únicos, mas, sim, de famílias numerosas. Se buscarmos a causa disto, constataremos, vários filhos do que um só.
Isto parece contraditório e no entanto é assim na realidade. Onde há vários filhos, a autoridade e o amor dos pais são divididos mais racionalmente, e assim não dificultam à personalidade dos filhos, pelas ordens perpétuas, e nem quebram a força de seu caráter por lisonjas contínuas. E a prova é que há mais homens ilustres nas famílias numerosas que nas famílias de filho único.
Demais, onde há vários filhos, estes são obrigados a aprender logo cedo a se absterem de muitas coisas. Onde há vários filhos, casa um deles é forçado a se contentar com pouco, e ouvir muitas vezes responder aos seus pedidos: “Não, meu filho! Não, minha filha! É preciso isto também para teus irmãos e tuas irmãs”. E isto não é um mal. É mesmo um bom princípio de educação. Porque, assim, eles aprendem melhor a prática da renúncia, e suportarão melhor, na idade adulta, as privações e as dificuldades da existência.
Ao contrário onde não há senão um só filho, os pais incessantemente o incomodam ou sem cessar o lisonjeiam. Todo o amor e todo o instinto educativo que a natureza depositou em seu coração de pais, eles o empregam agora para o seu filho único; ao infeliz não lhe fica sequer uma ocasião para firmar sua personalidade, para exercer suas faculdades de iniciativa, e eis por que, crescendo, ele se torna uma desajeitado, inepto, tímido, efeminado, sem expediente.
Mas se ordinariamente as famílias numerosas dão filhos mais bem educados que as famílias de filho único, há ainda uma outra causa. É principalmente que não são só os pais que educam os filhos, mas também os irmãos e as irmãs reciprocamente.
B) É um fato muito conhecido que a criança gosta de brincar, e para isto necessita de companheiros.
Ora os melhores companheiros de brinquedos para a criança são seus próprios irmãos e irmãs. A criança que cresceu sem irmãos e sem irmãs nunca foi verdadeiramente uma criança, nunca pode viver plenamente a sua infância; sempre no meio dos grandes torna-se uma criança precoce, ao princípio um pouco arrogante, mais tarde pretensiosa, um insensível e desiludido, velho antes da idade.
O filho único, que cresce só, está pois privado dos mais felizes momentos da vida, a idade dos brinquedos, e eis por que ele se torna uma criança que se aborrece, um ser retraído, triste, invejoso, sem alegrias. Ao contrário, onde há vários irmãos e irmãs, há alegres brincadeiras e saltos, barulhos, lutas, bagunças, brigas, reconciliações, eles vivem seus momentos mais felizes, a sua infância.
Acrescentemos que os irmãos e irmãs são uns para com os outros não só companheiros de brinquedos, mas, também, são, entre si, os melhores educadores. Enquanto juntos eles se divertem, são obrigados a tomar conta um dos outros, a portarem-se com inteligência, a dominarem-se e a se privarem de alguma coisa. Assim cada um compreende que não é o centro do mundo, mas que o segundo, o terceiro, o quarto de seus irmãos e irmãs, têm tanto direito como eles.
Onde vivem juntos vários irmãos e irmãs, eles se equilibram mutuamente, se refreiam e se educam.
Há, sem dúvida, choques entre si, mas é assim que se aviva o caráter, como os seixos do riacho, que se tornam polidos e luzidios, batendo uns aos outros incessantemente.
Onde, juntos vivem vários irmãos e irmãs, cada um deles é obrigado a aprender a dominar-se, a amar seu próximo, a perdoar, a abster-se, e a praticar o desinteresse.
C) É bom ainda mostrar um terceiro aspecto interessante dessa questão. Não só os pais educam seus filhos, mas os filhos também educam seus pais.
Ensinam a seus pais a virtude de que precisam para se ornarem bons educadores. Ensinam-lhes em primeiro lugar o amor devotado até o sacrifício. Será interessante examinar a fundo a transformação proveitosa que se opera na mulher mais superficial, quando pela primeira vez põe em seus braços o filho recém-nascido. Seria interessante observar com que terno amor, com que delicadeza o pai leva o filho em seus braços robustos.
Em seguida, constatamos o sentimento de responsabilidade e o gosto que desperta nos pais o cuidado da alma do corpo do filho. Pensam na responsabilidade que têm, em cada palavra que pronunciam diante do filho, em cada exemplo que lhes dão. Cada filho olha seu pai, sua mãe como dois seres melhores, mais sábios, mais inteligentes do mundo, são para eles o seu ideal.
E que aviso para os pais indicando-lhes o quanto pelo menos devem trabalhar para não ficarem longe desse ideal, que a alma de seus filhos evoca a esse respeito!
Não acreditais que os filhos possam ser os educadores dos pais? Pois bem! Escutai esta ingênua historieta.
Havia uma filha que, todas as manhãs e todas as noites, fazia piedosamente suas orações com a mãe. Uma noite que a mãe, tendo muito trabalho, não estava pronta para a oração, a filha lhe disse: “Mamãe venha fazer a sua oração”. A mãe respondeu um tanto impaciente: “Hoje farás tua oração com teu pai”. “Com papai?” diz a criança. “Mas papai não sabe rezar”. Ela nunca o via rezar, e pensava, com razão, que ele não sabia fazer as orações. Há muito tempo que o pobre homem se afastara de Deus… Mas agora… aquele ingênuo aviso de uma criança inocente, abalara sua alma e o tinha retornado aos deveres religiosos.
Certamente, seria preciso uma grande dureza, para que o coração de uma mãe ou de um pai não se enternecesse, para que não se despertassem neles as santas resoluções de domínio de si, de transformação de vida, quando o olhar inocente de seu filho ou de sua filha pousasse em seus olhos com tanta confiança, amor, entusiasmo e respeito.
Sim, os filhos, são também educadores dos pais.
III – UM PECADO CONTRA OS INTERESSES DOS PAIS
Precisamo-nos adiantar na exposição das nossas idéias. A exclusão culpável do filho é não só um pecado contra Deus e contra o filho, mas o é, ainda, contra os interesses bem compreendidos dos pais.
A) Primeiramente, o filho não é um filho, é um cuidado perpétuo.
A vida dos pais é uma inquietação contínua: Pode resfriar-se, pode-lhe acontecer qualquer coisa, e, sem ele, tudo estaria acabado para nós; esse receio é fundado porque as estatísticas demonstram que morrem muito mais crianças nas famílias de um ou de dois filhos, do que nas numerosas.
Se nestas famílias numerosas, um dos filhos morre, naturalmente os pais sentem e se enlutam, mas, ao menos, lhes ficam os outros para consolá-los. Que fica, porém, após a morte do filho único? o berço vazio, o quarto da criança emudece, seus brinquedos órfãos, ficam os amargos remorsos de consciência, recordando que poderia ser de outro modo, se mãos criminosas não contrariassem os planos divinos…
B) “Mas vários filhos custam mais caro”, tal a objeção mais comum.
Dou-lhe agora uma resposta muito curiosa e incrível.
Não, meus irmãos. O filho único custa mais que vários filhos.
Por toda parte onde há um só filho, não se conhecem as palavras privação e sacrifício; ao contrário, onde há vários, os pais são mais econômicos e trabalhadores.
Os esposos que afastam os filhos por meios culpáveis são mais irritáveis, menos afetuosos entre si, não se sentem bem entre as paredes de seu lar vazio e mudo.
Onde não há crianças, não há mais alegria, nem raios de sol, nem sorrisos, nem calor. É preciso procurar tudo isto fora do lar. E isto custa tão caro que se poderia, com a mesma soma, educar vários filhos.
Recordo-me o que conta em um de seus livros uma romancista húngara que passara o mais feliz e alegre natal, numa família de oito filhos, onde os pais trabalhavam duramente para sustentá-los. E quando ela perguntou aos pais, que riam com seus filhos, de que eram feitos aqueles brinquedos e presentes de todas as formas, a mãe respondeu com semblante alegre: “De madeiras, de trapos… e de amor”.
O filho contribui, pois, assim, para a realização e conservação da felicidade familiar.
É verdade, o filho causa também uma multidão de cuidados, despesas, temores e sacrifícios, mas é igualmente verdade que o filho dá em troca muitas coisas aos pais: dá-lhes alegrias, sol, vivacidade, esperança, um apoio para o futuro, enfim, é um reforço da vida conjugal.
É assim que se compreende esse fato curioso, que em 50% de lares divorciados não há sequer um filho, e que em 25% há apenas um. Pode-se, pois, tirar daí uma conclusão: Mais filhos, menos divórcio, pois, seguindo os planos admiráveis da divina providência, são as mãozinhas fracas da criança que mantêm unidos os braços robustos de dois adultos.
Mas, ao mesmo tempo, que prova terrível de que o filho não é obstáculo à felicidade dos pais, e que não é a sua ausência que traz a felicidade! Pois, muitas vezes, os lares que se separam são precisamente aqueles cuja felicidade não foi perturbada pela presença de filhos.
É justamente o contrário.
O sexto mandamento, o grande mandamento da felicidade, une igualmente interna e externamente. Aquele que vive no âmbito do matrimônio transgredindo as leis divinas dá facilmente o segundo passo, pelo qual se torna infiel também fora do casamento.
C) Mas, mesmo em outro sentido, os filhos são o consolo dos pais…
Examinaremos, porém, uma outra questão: Quem os amará em sua viuvez? Se um dos esposos morre, o outro fica só: Certamente se há vários filhos ficam ao sobrevivente muitos cuidados; mas se não há filhos, então ele se encontra num abandono cem vezes mais penoso. Que consolo para o viúvo ou para a viúva a presença dos filhos cuja tagarelice recorda a voz do caro desaparecido e cujos olhos revivem o olhar do morto!
É o que experimentava o poeta norte-americanos Longfelloe, quando, após 19 anos de felicidade, a morte arrebata-lhe a esposa. Em uma de suas cartas escreveu estas linhas:
“É uma coisa penosa reconstruir uma existência destruída. Tudo cai como a areia. Mas eu experimento e sou paciente… Meus filhos vão todos bem, isto me consola, e me dá coragem… minhas filhinhas tagarelam alegremente em meu quarto, como duas avezitas. Estão alegres por celebrarem o aniversário de suas bonecas… Que mundo maravilhoso o das crianças! Como é cheio de vida… Sou feliz por contemplar estas agitações, e sinto a doçura das palavras que foram pronunciadas um dia por lábios benditos: ‘Deixai vir a mim as criancinhas”.
É com estas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, um pouco modificadas, que desejo terminar esta instrução: Deixai as criancinhas virem ao mundo.
Ficamos sempre profundamente emocionados, cada vez que lemos na Sagrada Escritura, o morticínio dos Santos Inocentes, cometido por Herodes. Que gritos de dor dos lábios das mulheres de Belém. Com que desespero não apertaram, contra o peito, os seus filhos, quando os algozes chegaram para matar estas vítimas inocentes! Compadecemo-nos destas mães enlutadas!
O mundo atual porém tudo mudou. O mundo atual produziu mães, que não procuram com angustiado amor salvar da morte os seus filhos, mas vão elas mesmas procurar os algozes, e pagam bem para que tirem a vida a estas crianças inocentes. Haverá no vocabulário humano uma expressão bastante forte que possa caracterizar este crime? Terá o Céu bastantes raios para castigar dignamente esta monstruosidade?
Creio que sim.
Pois, aquele que cometeu este pecado e dele não fez penitência deve esperar duas espécies de castigos aqui na terra, todos os dois terríveis. Ou bem a sua consciência se desperta, e então não encontra em parte alguma repouso ante as sombras fúnebres dos pequeninos assassinados, ou então ele se endurece no pecado, e mata a sua consciência juntamente com os filhos, e neste caso cai em uma aridez de alma são indescritível, que lhe fica apenas um traço humano durante toda a sua vida.
Não se trata, em ambos os casos, de uma vida conjugal feliz e pacífica, mas só de um desgosto e de uma licença desenfreada, como o provam tantos exemplos tristes…
Senhor, nós vo-lo pedimos humildemente, dai à nossa pátria, que deles tanto precisa, esposos generosos, amantes de seus filhos. Amém.
Casamento e família – Dom Tihamér Tóth
Fonte:

Finalidade do Matrimônio

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pascal_dagnan-bouveret_-_blessing_of_the_young_couple_before_marriage1Aproximando-se o tempo em que os filhos devem escolher estado, devem saber o que vão fazer. Para isso é preciso que saibam convenientemente qual é o objeto e o fim do matrimônio.
Observemos o que diz a Bíblia:
Quando Deus criou Adão, disse: “Não está bem que o homem fique sozinho: façamos-lhe um adjutório semelhante a ele”. E então – continua a Escritura – enviou um profundo sono a Adão e enquanto ele estava dormindo tomou uma de suas costelas e a revestiu de carne. E da costela de Adão o Senhor Deus formou uma mulher e a apresentou a Adão e ao vê-la Adão, exultante de alegria, disse: Esta, agora, é osso de meus ossos, e carne de minha carne: terá o nome do varão, porque foi tirada do homem”. Isto se lê no primeiro livro da Sagrada Escritura, que se chama o Gênesis, no Capítulo XI.
Desta forma, tiveram princípio o homem e a mulher cujas qualidades físicas e morais são bem diferentes: vemos, com efeito, que no homem predomina a razão e na mulher o coração: no homem a força e a inteligência e na mulher a delicadeza e o sentimento. Na vida, pois, o homem com sua força, é apto para os grandes trabalhos, sabe dominar a natureza, tira dela seus produtos, e transforma-os. A mulher, com sua delicadeza, tem qualidades para conseguir aquilo de que o homem precisa.
O homem constrói a casa e enche-a de bens: a mulher os conserva, administra-os, regula-os, segundo as necessidades. O homem governa o Estado e a comunidade, a mulher a casa e a família.

O homem e a mulher são duas partes de um todo que tendem a realizar aquela união que primeiramente tiveram: daqui nasce a tendência natural de um para com o outro, tendência por si mesma legítima e honesta que leva o nome de AMOR; tendência estabelecida por Deus que Jesus Cristo regulou com leis sapientíssimas e santificou por meio do Sacramento do Matrimônio.
Desta verdade, isto é, que os dois sexos estão destinados a completar- se mutuamente, não só física, mas moralmente também, na vida, segue-se esta consequência importante: que falando-se de maneira geral, não se poderá fazer um juízo definitivo acerca do caráter de uma pessoa até que não tenha contraído matrimônio, quando, bem entendido, tivesse vocação para ele.
Quem poderá julgar com acerto de duas vozes destinadas a se completarem mutuamente e a formar uma única harmonia, se as escutarmos separadamente?
Às vezes, os jovens manifestam em seu caráter algo de anormal, que preocupa seriamente aos pais. Pois bem, pode muito bem suceder que uma vez contraído o matrimônio voltem à vida normal. Outra conseqüência é que o marido e a mulher devem procurar viver sempre de perfeito acordo, amando-se, consolando-se, auxiliando-se, um ao outro, tanto para conseguirem o seu aperfeiçoamento pessoal como para governar a família.
Chamam-se CÔNJUGES, isto é, jungidos à mesma canga, para levar juntos o peso da vida. Deus, como lemos na Sagrada Escritura quando criou o homem e a mulher disse: “Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra!” Eis aqui o fim primeiro do matrimônio: A PROCRIAÇÃO DOS FILHOS. Quem, por natureza, fosse inepto para esse fim, ou o excluísse positivamente, não poderia contrair matrimônio válido. O contrato matrimonial seria nulo.
E quão doloroso é ter-se que levantar a voz e por outra parte, é estrita obrigação para o sacerdote, contra um fato pestilencial que se vai propagando cada dia mais, o neo-maltusianismo, que tem medo da prole! Malthus, autor desta doutrina, a concebia de uma maneira diferente da dos néo-maltusianos. Observando ele, que com o aumento da prole vinham a faltar os meios de subsistência, o que é falso, aconselhava a limitação dos filhos, excluindo-se, porém, toda fraude cometida contra as leis da natureza. Mas seus discípulos passaram além das limitações de seu mestre, e chegaram às mais funestas consequências.
A esta impiedade responde-se que de nada valem as razões apresentadas no número de filhos vivos, do bem estar da família, da dificuldade de encontrar casa, dos perigos pressagiados pelo médico, etc., porque encontramos famílias numerosíssimas que chegam a grande prosperidade e por outra parte, vê-se que riquíssimos patrimônios foram dilapidados por um só filho, o qual, precisamente por ser único, foi a desesperação dos pais. Olhar pela casa, pela economia, pela saúde, está muito bem, mas não basta. É preciso dirigir também suas vistas para o alto, para Deus; a fé, entre outras vantagens, tem esta que é fonte de prosperidade porque traz ao lar as bênçãos de Deus.
A doutrina da Igreja sobre este assunto é a seguinte: 1 – os cônjuges não podem fazer uso dos direitos que lhes confere o matrimônio senão em ordem à prole. 2 – São contrários à lei dei Deus todos os atos ou meios usados para se evitar a geração. Doutrina grave, mas justa, não somente segundo a lei de Deus, mas também segundo a lei natural.
O primeiro fim do matrimônio é, pois, a PROCRIAÇÃO DA PROLE, o segundo é o MÚTUO AUXÍLIO e o terceiro, o REMÉDIO CONTRA A CONCUPISCÊNCIA.
Com efeito, quem pensando serenamente nos cuidados, nas moléstias, nas incertezas, que traz consigo a formação, a manutenção e a educação da família, escolheriam o estado matrimonial? Pouquíssimos.
Por isso a Divina Providência, que preparou na comida um estímulo para o apetite, que incita a desejá-la para a conservação da sua própria pessoa, pôs também no homem uma inclinação muito forte, em ordem à conservação da espécie humana e à sua propagação sobre a terra CRÉSCITE ET MULTIPLICÁMINI ET REPLETE TERRAM! (Gên. I, 28). É uma inclinação que, ainda aumentada pelo pecado original, constitui a mais terrível e formidável tentação para o homem. Santo Agostinho diz que entre todas as lutas que o homem tem que sustentar a mais dura é a que ele enfrenta para guardar a castidade. Santo Afonso Maria de Ligório deixou escrito que todos os que se condenam, condenam-se como consequência do pecado oposto a esta virtude, ou pelo menos, não sem ele.
Nisto acontece o mesmo que com o vapor de água. Mal regulado, pode devastar a terra por meio, de terremotos, ao passo que reprimido em fortes tubos, pode mover os mais pesados comboios. O mesmo pode- se dizer das inclinações de que falamos. Reprimidos e bem encaminhados, pelo matrimônio, produzem a multiplicação e a propagação do gênero humano. Há o celibato virtuoso de que falamos mas Nosso Senhor diz: “Nem todos compreendem estas coisas, mas unicamente aqueles aos quais foi isso concedido do alto”. (São Mateus, XIX, 11).
Concluamos. Quem se dispõe a contrair matrimônio deve ter intenção de encontrar uma pessoa que verdadeiramente o ame e ajude a levar uma vida cristã, com o firme e preciso propósito de devolver-lhe todo o seu amor e formar honestamente uma família, em favor da qual há de estar disposto a sacrificar a sua própria vida para achar nela consolo e auxílio e para aumentar o número dos filhos de Deus, que algum dia serão herdeiros e possuidores do reino do céu.
MATERNIDADE CRISTà– PE. HUMBERTO GASPARDO
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Deveres Matrimoniais

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conrad-beckmannFelizmente, vivemos em tempos em que a moral católica e a ação do governo, no que se refere aos deveres matrimoniais, estão de acordo. Às famílias mais numerosas, com toda a justiça recebem um determinado auxílio, e as artes diabólicas encaminhadas a impedir a procriação da prole são castigadas pelo bom senso e pelas leis canônicas.
Fala-se publicamente desta matéria e se fazem. notar as vantagens que do ponto de vista social e político podem-se obter. Falemos nós também, considerando-o, porém, sob o ponto de vista religioso e moral.
Comecemos com uma pergunta: é lícito o ato conjugal?
Desde que o matrimônio é um Sacramento de vivos, é necessário recebê-lo em estado de graça, todas as ações dos cônjuges que se referem à consecução de seu fim primário, ou seja a procriação da prole, são lícitas, e muito lícitas. Deus disse: – “Crescei e  multiplicai-os e enchei a terra”.
Mas, notai bem, todas estas ações são lícitas no estado matrimonial e unicamente ordenadas ao fim para o qual foi estabelecido por Deus o matrimônio. O fogo sob a palha, pode queimar a casa, mas sob caldeira fá-la ferver e desta maneira serve para cozer o  alimento para a família. Do mesmo modo os atos matrimoniais feitos fora do matrimônio, ou também no matrimônio, mas contra seu fim primário, são a ruína da humanidade. Assim, pois, qualquer ato contra esta lei do matrimônio instituída por Deus, é um gravíssimo delito, pois que o  mesmo é matar uma criatura de dez anos como uma de dez horas e por isso um dia a maldição de Deus cairá sobre os cônjuges que transformam maliciosamente as fontes de vida numa cisterna envenenada que deixa perder-se a água.
Ai deles! Cometem um gravíssimo pecado que transtorna as leis da natureza e impede que Deus Pai continue a obra da criação, que Deus Filho, realize a obra da Redenção e que Deus Espírito Santo opere a santificação das almas. Mas isto não quer dizer que os esposos não possam viver juntos como irmãos, preferindo à fecundidade a fragrância  divina da virgindade: com efeito, segundo o exemplo de Maria e José, muitíssimos cônjuges mantiveram-se virgens à sombra do matrimônio, como se pode comprovar com a História Eclesiástica. Nos formosos tempos da fé, muitos esposos viviam como irmãos e irmãs durante a Quaresma, nos dias de jejum, e nas festas mais solenes, de modo que pouco a pouco esse costume transformou-se em lei.
De qualquer modo, a procriação da prole é sempre o fim do matrimônio.
A vida hoje em dia, – diz-se – é difícil, e como se há de obter a sustentação da família? – Respondo: Quando se ouviu dizer que alguém ficou na miséria por ter tido uma família muito numerosa? Lançai um olhar ao passado, e vereis se é verdade, o que diziam os nossos avós: Inocência – Providência!
Onde quer que nasça uma criança haverá sempre o necessário alimento para ela. Nalgumas famílias não há felicidade porque faltam muitos dos que deveriam existir e não existem. E antes de tudo, é a mesma lei natural que no-la ensina. Com efeito, assim como em nosso corpo a multiplicidade dos membros não diminui a força do poder da alma, a qual tem sobre os membros um domínio tanto mais perfeito quanto mais completa é a integridade dos membros, o mesmo sucede com a família. Quanto maior é o número dos filhos, tanto mais, parece que se acende neles um espírito de energia mais vivo e mais forte.
Um instinto natural os faz sentir, que, podendo esperar pouco da casa, é preciso que providenciem por si mesmos. Pois bem, sentimento semelhante, pode fazer milagres. Ao contrário, quando o filho é único, torna-se então um acumulador de soberba e de todos os demais vícios. Não é raro o caso de um filho único, que em pouco tempo dissipou a herança de um pai avarento, depois de lhe ter acarretado a morte com tantos desgostos.
É certíssimo: o que faz prosperar a família não é a abundância de riquezas e o número limitado de filhos, mas a bênção de Deus. Mas a bênção de Deus não pode descer sobre a casa em que  se espezinham as leis da natureza. Os pais que têm um pouco de fé sabem que os filhos mais que a eles pertencem a Deus. Não foi Deus quem estabeleceu as leis da geração? Não é Ele que a todo momento intervém diretamente por meio da criação da alma de cada um dos filhos?  Pois, bem, aquele Deus que não deixa faltar alimento nem mesmo aos pássaros do céu, poderá por acaso abandonar a criatura mais nobre, saída de suas mãos na criação do mundo visível?
Outra dificuldade: E quando o médico disse: “Basta  de filhos, de outra sorte a saúde da mãe corre perigos”. A esse respeito disse-me uma mãe: “Isso me disse o  médico depois do terceiro filho, já tenho cinco e estou melhor ainda do que antes”.
Neste caso, é preciso ter-se muito em conta a MORALIDADE DO MÉDICO. Além disso, devemos observar que para isso há remédios: suspensão do exercício dos direitos matrimoniais, por um tempo determinado, de mútuo acordo; observação de determinados dias de menor probabilidade; coisas que estão dentro do limite do honesto.
E se um dos cônjuges obstina-se em se fazer de surdo, fica sempre de pé, antes de tudo, a Divina Providência, que nunca abandona quem nela confia.
Nenhuma destas ou de outras razões, mesmo as mais graves, se existem, serão suficientes para autorizar a violação das leis da natureza, com o fim de se evitar um prejuízo material. Concluamos dizendo que unicamente a religião pode proporcionar a força necessária para se observarem os deveres do matrimônio.
Maternidade Cristã – Pe. Humberto Gaspardo
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Obrigações do Matrimônio

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tradiciones-matrimonio[1]Do mesmo modo que do tronco brotam os galhos, assim também do matrimônio derivam-se certas obrigações que devemos necessariamente explicar. Elas se referem a três coisas: à prole, à unidade e à in- dissolubilidade. A primeira de todas é a prole. Para muitos o matrimônio é uma cerimônia, um passatempo, um pretexto para se divertirem. O matrimônio, na verdade, é tudo ao contrário.
Os direitos que ele confere, são lícitos, unicamente enquanto se referem à prole, sob pena de incorrerem os cônjuges na maldição divina. Há muitos, entretanto, que se julgam honestos porque têm uma família numerosa. Só isso não basta. Qual é a ambição de certas mães? Ter filhos bonitos, vesti-los bem, para exibi-los em toda parte e receberem os melhores elogios. Ou ainda, ter filhos espertos e atilados, ágeis, cheios de saúde.
Mas isto também não é suficiente. “Os filhos não estarão completamente criados enquanto não estiverem completamente educados”, isto é, capazes de viver no mundo uma vida honesta, tanto civil como religiosa. Não há dúvida, de que pesa sobre os pais a obrigação de prover aos seus filhos o necessário para a vida, como a comida, o vestuário, a habitação, a preservação dos perigos a que constantemente eles se ex- põem, cuidando de sua saúde quando estiverem doentes.
Mas também temos dever de procurar-lhes um estado que corresponda à sua condição, preocupando-se com a instrução e a educação requeridas. Ainda mais, têm obrigação séria de proporcionar-lhes uma sólida formação religiosa.
O fim do matrimônio-Sacramento não consiste unicamente na propagação da espécie humana, mas também em multiplicar os verdadeiros adoradores de Deus, isto é, formar cristãos. Devemos constatar um fato extremamente doloroso, e é que há pais, que cumprindo de maneira perfeita com os demais deveres ao seu cargo, coisa por um lado mui louvável, não se preocupam absolutamente nada com o que se refere à religião.
Se caem algumas gotas de chuva, se sopra um pouco de vento, se a temperatura é um pouco fria ou quente mais que de ordinário, tudo isso é motivo para que não permitam aos filhos irem a Missa ou ao Catecismo. Pois bem, nessas mesmas circunstâncias, os mandarão sem tantos temores à escola ou ao colégio. Para a escola não há nem pretextos nem desculpas. Os únicos a ficar prejudica- dos são sempre a Missa e o Catecismo. 
O Matrimônio há de ser uno, isto é, a união de um só homem com uma só mulher. É lei estabelecida por Deus quando criou os nossos primeiros pais: “Serão dois numa só carne!” (Gên., II, 24) Dois, não três, nem mais.
 Assim o homem há de ser todo da mulher e a mulher, toda do homem. Dois não somente em casa mas também fora dela. Não somente nos atos públicos da vida, mas também nos pensamentos da mente e nos afetos do coração. Dois, até a morte, ainda mesmo que se encontrem longe ou doentes, ainda que estejam separados legal ou canonicamente, quer estando o marido do outro lado do oceano, ou das montanhas.
Mesmo que um dos cônjuges estivesse encarcerado, mesmo que sua condenação devesse durar toda a vida. Dois, nas mudanças de domicílio e de cidade; nos contratempos, nos abandonos, e na perda dos bens.
Sempre dois, em qualquer tempo ou circunstância. E por quê? Porque o que Deus uniu, o homem não pode separar. (Mons. André Scotton, INSTRUÇÕES CATEQUÍSTICAS SOBRE O MATRIMÔNIO – Nova edição).
Requer-se fidelidade de PENSAMENTO pelo qual se proíbe todo pensamento voluntário sobre outra pessoa que não seja seu cônjuge; fidelidade do CORAÇÃO pela qual não se deve admitir deliberadamente nenhum sentimento, nenhum afeto, nenhuma complacência, nem desejo, que perturbe o amor conjugal; fidelidade de VONTADE pela qual há de permanecer na fé jurada ante o altar.
Quão formosa é a religião! Com que poder e eficácia defende a fidelidade conjugal. Existem esposos exageradamente ciumentos que para se certificarem da fidelidade do cônjuge, fazem indagações entre os amigos, vizinhos, e até mesmo entre os criados sobre o proceder do mesmo durante a sua ausência.
Uma coisa é suficiente para se viver tranquilo nesse ponto: A RELIGIÃO. Se ela existe, e principalmente se é sólida, ela somente basta; se ela não existir, todo e qualquer outro meio será ineficaz. O vínculo matrimonial validamente contraído não se rompe em nenhum caso durante a vida de ambos os esposos. É lei posta por Deus e confirmada por Jesus Cristo com estas palavras: “O que Deus uniu, o homem não separe”. (Mat., XIX, 6).
É lei eclesiástica, sustentada firmemente pela Igreja, através dos séculos, mesmo tendo que fazer frente a gravíssimas dificuldades. É também entre nós, lei civil. Várias vezes tentou o divórcio estabelecer- se entre nós, mas sempre encontrou repulsa por parte da maioria. Peça- mos a Deus que o afaste para sempre da nossa pátria. O divórcio é uma das maiores maldições que Deus pode mandar sobre uma nação, ao mesmo tempo é um dos maiores pecados contra as leis divinas e eclesiásticas. As leis civis são obrigatórias contanto que não se oponham às de Deus.
O Estado poderá permitir o divórcio, mas, apesar dessas leis, o matrimônio, permanece intacto diante de Deus e da Igreja. O divórcio é, além disso, uma maldição para a família porque diminui o número dos filhos e os já existentes veem-se expostos a mil perigos.
Uma maldição para a sociedade por causa das rixas, discórdias, e vinganças que se originam nas famílias. Uma maldição para a sociedade conjugal, que se veria sem base sólida: faltar-lhe-ia a alma, que é o verdadeiro amor cristão. As razões que alguns alegam, defendendo o divórcio, não têm valor.
A vida não é apenas uma poesia: é muito mais, é prosa séria e dura. Abri uma pequena brecha no costado de um navio, e em pouco tempo ele irá a pique. Há alguma coisa que faz sofrer, no matrimônio?
Supor-te-se com paciência. Pelo bem da sociedade e pelo bem da pátria dá-se até a vida. Bom seria que os pais fizessem seus filhos compreenderem esta grande verdade, principalmente aos que estão em vésperas de se casar. E como? Primeiro com o exemplo. Quando os filhos veem que seus pais levam uma vida laboriosa, séria, toda ela consagrada ao bem da família, ainda que cheia de sacrifícios, não podem deixar de fazer uma grande idéia da sublimidade do matrimônio.
Também por meio de conversas e confabulações em casa, pode-se fazer muito bem, neste campo. Há momentos na vida de família em que se está disposto a falar e a ouvir: em que se olha com seriedade o futuro. Excelente ocasião para uma boa mãe pronunciar uma palavra delicada, de luz e de vida. Esse é o momento propício para fazer o filho compreender que o matrimônio é um estado sério, que impõe obrigações muito graves, que é preciso pensar na futura família, tornando-se desde então capazes de mantê-la e educá-la; que o matrimônio une a própria vida com a de outrem, à qual se há de consagrar todo o afeto; que este laço há de durar toda a vida aconteça o que acontecer.
Para este mesmo fim pode a mãe aproveitar as correções que se veja obrigada a fazer aos filhos. Por exemplo: se o filho gasta muito, não trabalha com interesse e afinco, anda demasiado fora de casa; se a filha é ambiciosa, pouco amiga de retiro, vaidosa; então a mãe deve, aproveitando o momento oportuno, corrigi-los orientando-os ao matrimônio, fazendo-lhes advertências destinadas a sua futura maneira de proceder.
A um filho que durante o carnaval gastara demais, disse-lhe o pai: “É este o modo de portar-se de um chefe de família?” Estas palavras causaram mais impressão no filho do que qualquer outra reprimenda mais severa.  Em suma, é preciso que se fale em família, com as devidas precauções de tempo e de lugar, desobrigações do matrimônio, de sorte que os filhos cheguem a conhecer-lhe a fundo a natureza e seus fins. Costuma-se dar, com relação ao matrimônio, mais importância ao dote, à saúde, à família a que pertence a futura esposa. Tudo isso não é mal, mas é conveniente também dar-se importância às obrigações que se contraem nesse estado.
Maternidade Cristã- Pe. Humberto Gaspardo
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Orações pelos pais

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Ó meu Deus, Pai de bondade e misericórdia, atendei propício às súplicas que Vos faço em favor dos meus queridos pais, que reconheço como singular favor das Vossas mãos. 

Vós nos destes, Senhor, o preceito do amor filial, dizendo: “Honrarás pai e mãe!” Imprimistes em nossa alma este tão doce sentimento, ao quisestes ligar também a nossa felicidade, ainda mesmo sobre esta terra. 

Vinde, pois, em meu auxílio, e satisfazei por mim quanto devo aos cuidados e ternura de meus pais, que jamais poderei reconhecer bastante. 

Derramai sobre os meus pais as Vossas preciosas e mais abundantes bençãos; recompensai a sua caridade, nesta vida, segundo os desígnios de Vossa Providência, e na outra, com a felicidade eterna. 

Ó meu Deus, concedei a meus bons pais largos anos de vida e todas as graças de que necessitarem para sua salvação e santificação. 

Peço-Vos também, para mim, a graça de cumprir fielmente meus deveres para com meus pais, honrando-os como o quereis de mim. 

Abençoai, Senhor, em tudo e para sempre, aos meus pais, pelo amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Sua Mãe Santíssima, a Virgem Maria, e de São José, Seu pai adotivo. Amém. 

Pai nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

(Oração retirada do livro "Adoremus: Manual de Orações e Exercícios Piedosos", de Dom Eduardo Herberhold, OFM, 1926, 15ª edição)

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A Sagrada Família modelo de paz e concórdia

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Consideremos o amor de José, para com sua santíssima Esposa. Era Ela a mais formosa entre todas as mulheres, a mais humilde, a mais obediente, a mais pura das almas, e a que Deus mais amou, acima de todos os homens e de todos os Anjos. Merecia, pois que São José, que tanto amava a virtude, Lhe dedicasse um amor extremo, superior a toda apreciação. A todos estes atrativos juntemos ainda o do afeto, com que se via amado de Maria, que certissimamente queria a sua Esposa mais do que a todas as outras criaturas. Por outro lado considerava-A como a Amada do Senhor e a escolhida dentre todas, para ser a Mãe do Seu Unigênito Filho. Fácil será de conceber qual seria, por todos estes motivos, o afeto do coração justo, generoso e agradecido de São José para com sua castíssima Esposa. Consideremos, além disso, o amor de José e de Maria ao seu Jesus. Havendo-os Deus escolhido para servirem de pais ao Seu Unigênito, lhes havia adornado os corações com o amor paternal o mais acrisolado, qual convinha tivessem a semelhante Filho, tão amável e que era o próprio Deus.

Não foi, pois, simplesmente natural o amor de José e de Maria, como os dos outros pais; mas foi sobrenatural, por isso que viam numa só pessoa reunidos o seu próprio Filho e o de Deus: Sabiam ser este Menino, que sempre os acompanhava, o próprio Verbo divino Encarnado por amor dos homens e particularmente por amor seu: que este adorável Infante por Si mesmo os havia a eles escolhido; dentre todos os homens, para serem seus pais, e protetores de Sua vida terrena.

Avaliemos, pois, se é possível, como todas estas considerações haviam de abrasar em incêndios de amor os corações de José e de Maria, ao verem o seu divino Mestre, servindo como operário, abrindo ou fechando a oficina, serrando madeira, manejando a plaina ou o machado, juntando os cavacos e fragmentos, varrendo a casa, e obedecendo-lhes, numa palavra, em tudo quanto Lhe mandavam, e dependendo de sua autoridade em tudo quanto fazia. 

De que terníssimos afetos se não inundariam os corações de José e de Maria, quando tinham ao colo este amabilíssimo Menino, quando Lhe prodigalizavam as suas carícias, ou dEle as recebiam! quando ouviam sair de Seus lábios essas palavras de vida eterna, que eram outras tantas setas ardentes de amor divino, que lhes atravessavam e incendiavam as almas: e sobretudo quando contemplavam os sublimes exemplos de virtude, que lhes dava o seu divino companheiro! 

Entre as pessoas que se amam sucede muitas vezes, que o amor se vai entibiando, a medida que se freqüentam, porque, quanto mais se tratam e comunicam melhor manifestam umas às outras os próprios defeitos. Não era, porém, assim com José e Maria; quanto mal tratavam com Jesus melhor lhe conheciam a santidade e às perfeições: e daqui se pode avaliar o grau de amor de Jesus, a que deviam ter chegado, gozando por tantos anos de Sua companhia e familiaridade.  

O adorável Menino correspondia, por Seu turno, com um amor divino àqueles que tanto O amavam. 

Oh! que admirável paz, que incendrada e mutua caridade reinava entre os membros da Sagrada Família de Nazaré. 

Oração jaculatória. - Doce coração de Jesus, sede a minha salvação. 
(300 dias de indulgência de cada vez.) 

(A Sagrada Família, por um padre redentorista, 1910, versão do Espanhol por Manuel Moreira Aranha Furtado de Mendonça, Cônego honorário da Sé de Lamego, 3ª Edição, com Breve de Sua Santidade Leão XIII)

Entregar-se - Santa Tereza Couderc

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“Várias vezes, Nosso Senhor já havia me dado conhecer o quanto era útil, para o progresso de uma alma desejosa de perfeição, ENTREGAR-SE sem reserva à ação do Espírito Santo. Mas, nesta manhã, a divina Bondade dignou-se me agraciar com uma visão toda particular. Estava me preparando para começar minha meditação, quando ouvi o ressoar de vários sinos chamando os fiéis para assistir aos divinos Mistérios. Neste momento, desejei unir-me a todas as missas que estavam sendo celebradas e com este intuito, dirigi a minha intenção para que participasse de todas elas. Tive então uma visão geral de todo o universo católico e de uma profusão de altares nos quais se imolava, ao mesmo tempo, a adorável Vítima.
O Sangue do Cordeiro sem mancha corria abundante sobre cada um desses altares que me pareciam envoltos numa leve fumaça que subia para o céu. Minha alma era tomada e penetrada por um sentimento de amor e de gratidão à vista dessa tão abundante satisfação a nós oferecida por Nosso Senhor. Mas também surpreendia-me muito o fato de que o mundo inteiro não se achasse santificado em conseqüência. Perguntava-me como era possível que o Sacrifício da Cruz, oferecido uma só vez, tenha sido suficiente para salvar todas as almas e que, renovado tantas vezes, não bastasse para santificá-las todas. Eis a resposta que julgo ter ouvido: - O Sacrifício é sem dúvida suficiente por si mesmo e o Sangue de Jesus Cristo mais que suficiente para a santificação de um milhão de mundos, mas às almas falta corresponder generosamente. Pois o grande meio para entrar na via da perfeição e da Santidade – é o de ENTREGAR-SE ao nosso Bom Deus.

Mas que significa ENTREGAR-SE? Percebo toda a extensão desta expressão “ENTREGAR-SE”, porém não posso explicitá-la. Sei apenas que é muito extensa e abrange o presente e o porvir.

ENTREGAR-SE é mais que se dedicar; é mais que se doar; é até maior que se abandonar a Deus. ENTREGAR-SE, finalmente, significa morrer a tudo e a si mesmo, não se preocupar mais com o EU a não ser para mantê-lo sempre orientado para Deus.

ENTREGAR-SE é ainda mais que não se procurar a si mesmo em nada, nem no espiritual, nem no corporal; quer dizer deixar de procurar a satisfação própria, mas unicamente o bel-prazer divino.

É preciso acrescentar que “ENTREGAR-SE” significa, também, esse espírito de desapego que não se prende em nada, nem nas pessoas, nem nas coisas, nem no tempo, nem nos lugares. É aderir a tudo, submeter-se a tudo.

Mas, talvez se acredita que isso seja muito difícil de se conseguir. Desenganem-se, não existe nada mais fácil de se fazer e nada tão suave de se praticar. Tudo consiste em fazer uma só vez um ato generoso, dizendo com toda a sinceridade de sua alma: “Meu Deus, quero ser inteiramente seu (sua), queira aceitar minha oferenda”. E tudo será dito.

Permanecer de agora em diante nesta disposição de alma e não recuar diante de nenhum dos pequenos sacrifícios que possam servir ao nosso progresso em virtude. Lembrar-se que SE ENTREGOU.

Rogo a Nosso Senhor que forneça o entendimento desta expressão a todas as almas desejosas de Lhe agradar, inspirando-lhes um meio de santificação tão fácil. Oxalá fosse possível compreender de antemão toda a suavidade e toda a paz que se desfruta quando não se guarda reserva com nosso Bom Deus!

De que forma Ele se comunica com a alma que O procura com sinceridade e que soube ENTREGAR-SE. Experimentem e vereis que lá é que se acha a felicidade procurada em vão alhures.

A alma entregue encontrou o Paraíso na Terra, pois ali goza esta paz suave que constitui em parte a felicidade dos eleitos”.
Sta. Tereza Couderc

Indicação: Página Catecismo Católico

Pecado contra a modéstia

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São Domingos Sávio não se contentava em ser apenas um devoto da Virgem Maria Imaculada. Em honra da celeste Senhora fazia todos os dias alguma mortificação. Nunca fitava pessoas de sexo diferente. Indo às aulas, raramente levantava os olhos do chão. Passando às vezes perto de espetáculos públicos, que para os companheiros era objeto de curiosidade e de satisfação, ao perguntarem-lhe se tinha gostado, Domingos respondia que não tinha visto nada.

Um dia, um companheiro encolerizado reprovou esse seu modo de proceder, dizendo-lhe:

- Para que tens esses olhos, meu parvo, se não vês tais coisas?

- Os meus olhos, respondeu Domingos, quero-os para ver o rosto da nossa Mãe Celeste, a Virgem Maria, quando, se for digno disso, me receber Deus no Paraíso.

Cultivava uma devoção especial ao Imaculado Coração de Maria. Todas as vezes que entrava numa igreja, ia direto ao Seu altar para Lhe pedir que conservasse o seu coração bem longe de qualquer impureza.

- Maria,- dizia ele – quero ser sempre Vosso filho. Fazei que morra antes que me suceda à desgraça de cometer um pecado contra a modéstia.

Casos Verídicos de Corpus Christi com a Missa Perpétua de São Pio V

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Casos Verídicos de Corpus Christi com a 
Missa Perpétua de São Pio V




O Castigo não se fez esperar

Em 1931, na festa de Corpus Christi, o bispo de Nantes (França), por causa do mau tempo, suspendeu a procissão do SS. Sacramento. No dia seguinte os jornais socialistas e maçônicos de Nantes zombavam da decisão do prelado. “Que faz o vosso Deus? (escrevia um dêles em tom de desprêzo). Nós nos rimos dêle. Para o próximo domingo, 7 de junho, organizamos uma excursão a Saint-Nazaire pelo vapor ‘Saint Philibert’. Vereis como tudo correrá bem, apesar de que todos os excursionistas perderão a Missa para tomar o cruzeiro”.
Chegou o domingo 7 de junho. Eram 600 os passageiros que bem cedo embarcaram no vapor. O “Saint Philibert” desceu bem o Loire, chegou a Saint-Nazaire e depois saiu do estuário e entrou no Atlântico para um breve giro ao largo. De repente, formou-se um denso nevoeiro; não se via nem se ouvia nada a dez metros de distância. Não demorou muito a catástrofe: um choque tremendo com um poderoso transatlântico, que partia pelo meio o pequeno vapor francês. Após dois minutos de gritos de terror, um silêncio de morte. O “Saint Philibert” submergia no oceano para sempre. 499 excursionistas desapareceram nas ondas; quatro enlouqueceram ; os outros foram salvos com dificuldade por outro vapor; o capitão, desesperado, deixou-se afundar com seu navio. Assim respondia Deus à provocação dos míseros homenzinhos da seita.

* * *

Queria pô-las como flores
Em 1873 um homem de Wisembach, povoado dos Voges, amontoava imundícies num depósito. Aos que lhe perguntavam para que serviria aquilo, respondia:
- Este lixo eu o porei como flôres nas ruas por onde há de passar a procissão de Corpo de Deus. Três dias depois foi atacado de apoplexia, morrendo sem recobrar os sentidos e sendo enterrado no próprio dia de Corpus Christi.

* * *

Bravos cruzadinhos
Um missionário do longínquo Oriente, vendo um jovenzinho muito recolhido e devoto diante do altar do Santíssimo, perguntou:
- José, que faz ai tanto tempo e que é que diz a Jesus?
- Nada, Padre, pois não sei ler nos livros. Somente exponho minha alma ao Sol.

* * *

Aos seus mais pequenos Cruzadinhos, perguntou um tal Vigário:
- Quantas vêzes se deve comungar?
- Muitas vêzes, Padre.
- Bem; e quem sabe me dizer por quê?
- Eu, Padre, eu sei. Jesus tomou o pão para mostrar que o devemos comer todos os dias; porque, se tivesse tomado a sobremesa, diríamos que só se devia comungar nos dias de festa.

* * *

Um menino distribui a Comunhão
Na guerra de 1914, que durou quatro anos, os exércitos italiano e alemão pelejavam perto da povoação de Torcegno, no vale de Brenta. À meia-noite, entraram os alemães para ocupar a igreja e a tôrre e levaram consigo prisioneiros os sacerdotes que havia, sem dar-lhes tempo de retirar o Santíssimo da igreja.
De manhã, antes da aurora, o povo recebeu ordem de evacuar o povoado, pois ia dar-se ali a batalha. Eram os habitantes cristãos fervorosos que amavam muito suas roças, suas casas e mais ainda sua igreja. Mas não havia remédio; era preciso fügir.
Salvemos ao menos o Santíssimo, disseram todos; mas como, se não havia padres? Lembraram-se de escolher o menino mais inocente e angélico para abrir o sacrário e dar a comunhão a todos os presentes, consumindo-se assim tôdas as hóstias. Ao sair o sol, todo o povo estava na igreja, as velas acesas, no altar e o menino revestido de alvas vestes. Sobe o mesmo com grande reverência os degraus do altar, estende o corporal, abre a portinha, toma o cibório douraclo e, tendo todos rezado o “Eu pecador”, desce até à grade e vai dando as hóstias até esvaziar o cibório.
Purificou logo o vaso sagrado com todo cuidado, juntou as mãos e desceu os degraus do altar como um anjo. Levando Jesus no coração, todo o povo se apressou a fugir para os montes. Corriam lágrimas dos olhos de muitos, é verdade, mas a alma estava confortada com o manjar divino.
Ao pequeno “diácono” enviou o Santo Padre Bento XV sua bênção e suas felicitações.

* * *

A força para o Sacrifício
Em 1901, começou na França o fechamento de todos os conventos e a expulsão dos religiosos. Foi nesse ano que se deu, em Reims, o caso seguinte contado pelo Cardeal Langenieux, arcebispo daquela cidade.
Havia em Peims, entre outros, um hospital que abrigava somente os doentes atacados de doenças contagiosas, que não encontravam alhures nenhum enfermeiro que quisesse cuidar dêles. Em tais hospitais somente as Irmãs de caridade costumam tratar dos doentes e era essa a razão por que ainda não haviam expulsado as religiosas daquela casa.
Um dia, porém, chegou ao hospital um grupo de conselheiros municipais (vereadores), dizendo à Superiora que precisavam visitar tôdas as salas e quartos do estabelecimento, porque tinham de enviar um relatório ao Govêrno. A Superiora conduziu atenciosamente aquêles senhores à primeira sala, em que se achavam doentes cujos rostos estavam devorados pelo cancro.
Os conselheiros fizeram uma visita apressada, deixando perceber em suas fisionomias quanto lhes repugnava demorar-se ali. Passaram logo à segunda sala; mas ai encontraram doentes atacados de doenças piores, vendo-se obrigados a puxar logo seus lenços, pois não podiam suportar o mau cheiro. A passos rápidos percorreram as outras salas e, ao deixarem o hospital, aquêles homens estavam pálidos e visivelmente comovidos. Um dêles, ao despedir-se, perguntou à Irmã que os acompanhara:
- Quantos anos taz que a Sra. trabalha aqui?
- Senhor, já faz quarenta anos.
- Quarenta anos! Exclamou outro cheio de pasmo. De onde hauris tanta coragem?
- Da santa comunhão que recebo diariamente, respondeu a Superiora E eu lhes digo, senhores, que no dia em que o Santíssimo Sacramento cessar de estar aqui, ninguém mais terá fôrça de ficar nesta casa.

* * *

O menino que foi enforcado três vezes
Estamos na Palestina, pátria de Jesus, onde se disse a primeira Missa e os Apóstolos fizeram sua primeira comunhão… E que é hoje a Palestina? Terra de desolação, de maometanos, cismáticos, judeus e poucos católicos.
Um menino cismático de oito anos começou a sentir-se atraído à religião dos católicos, a seus santos e festas que lhe contavam seus companheiros. Um dia quis ir ver. Com muito segrêdo, por temor dos pais, assistiu à missa numa capela. Ficou encantado. Depois da missa continuou ali com as crianças do catecismo. Terminada a cerimônia, o Padre, que não o conhecia, aproximou-se dele para saudá-lo carinhosamente.
O coração estava ganho, e o menino, às escondidas, continuou a ouvir a missa todos os domingos. Um dia, porém, o pai o descobriu e perguntou-lhe:
- Você estêve com os malditos católicos?
- Sim, papai.
- Eu não lho proibira?
- Sim, senhor.
- Jura-me que não voltarâ lâ?
- Não posso, pois em meu coração sou católico.
- Então você não jura?
- Não, senhor.
- Enforcá-lo-ei…
- O senhor pode enforcar-me.
Passou o bârbaro uma corda a uma viga do teto e o laço ao pescoço do filho e puxou-o para cima. Quando os pézinhos do menino deixaram de mover-se, o pai o desceu, soltou o laço e, vendo que ainda estava vivo, disse:
- Agora você me promete de não ir ter com aquêles malditos…
- Não, papai, não posso.
Segunda e terceira vez repetiu o pai o cruel suplício, mas não conseguiu mudar o propósito do menino. Disfarçando, então, a sua cólera, tentou o bárbaro pai outros meios.
Tomando em seus braços o corpo extenuado do pobrezinho, disse:
- Mas, meu filho, você não me ama?
- Amo-o, papai.
- Como é, pois, que não quer me obedecer?
- É que eu amo a minha alma mais do que a meu pai.
O menino, pouco a pouco, recobrou as fôrças e logo se fêz batizar, tornando-se católico. Seu pai e sua mãe morreram de tifo no ano seguinte e não muito depois teve o pequenino mártir a morte de um santo.

* * *

Vinham nadando
Conta um missionário que, quando chegava a alguma ilha da Oceania, para anunciar a sua presença levantava um mastro bem grande. Os negros acudiam de tôda a parte e vinham até de muito longe. Um domingo, pela manhã, viu chegar uma turma de negros que vinham nadando de outra ilha, para terem o consôlo de ouvir a santa Missa.

* * *

Domingos Sávio ajuda à Missa
Êste angélico jovem, aos cinco anos de idade, já sabia ajudar à missa e fazia-o com grandes demonstraçõe de amor a Jesus. Como era muito pequeno, o pâdre mesmo tinha de mudar o missal. Mas era tão grande o seu desejo de servir ao altar, que muitas vêzes chegava à igreja quando esta ainda estava fechada,e ali permanecia esperando e rezando. Numa fria manhã de janeiro de 1847, ali o encontraram tiritando de frio, e coberto de neve que caía copiosamente.

Extraído do livro Tesouro de exemplos – Padre Francisco Alves, C. SS.R. Editora Vozes Volume I Edição II 1958.

As dez colinas: estado das consciências

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np_sao_joao_bosco_021Lê-se no Livro do Profeta Daniel — escreve Dom Lemoyne — no Capítulo I, versículo 17, que quatro jovens de famílias nobres que tinham sido levados escravos de Jerusalém à Babilônia pelo Rei Nabucodonosor, como permanecessem fiéis às leis do Senhor, pueris his dedit Deus scientiam et disciplinam in omni libero et sapientia; Danieli autem intelligentiam omnium visionum et somniorum. (A esses quatro jovens, Deus concedeu talento e saber no domínio das letras e das ciências. Daniel era particularmente entendido na interpretação de visões e sonhos).
Daniel recebeu de Deus a graça de saber distinguir os sonhos inspirados pelo Senhor dos que eram acidentais e fortuitos e de conhecer o que Deus queria lhe dizer neles.
Tal, e pelo mesmo motivo, foi a graça que o céu concedeu a (São) João Dom Bosco, com os sonhos que até aqui narramos; como também evidentemente, segundo nosso parecer, com o que seguidamente vamos expor e que foi narrado pelo (Santo) na noite de 22 de outubro de 1864.
(São) João Dom Bosco tinha sonhado a noite precedente. Ao mesmo tempo, um jovem chamado C… E…, de Casa de campo Monferrato, teve também o mesmo sonho, parecendo-lhe que se encontrava com (São) João Dom Bosco e que falava com ele. Ao levantar-se estava tão impressionado que foi contar quanto tinha sonhado a seu professor, o qual aconselhou-lhe que se entrevistasse com o (Santo). O jovem obedeceu imediatamente e se encontrou com (São) João Dom Bosco que baixava as escadas em sua busca para fazer o mesmo.Pareceu-lhe encontrar-se em um muito extenso vale ocupado por milhares e milhares de jovenzinhos; tantos eram, que o (Santo) não acreditou que houvesse tantos moços no mundo. Entre aqueles jovens viu os que estiveram e aos que estão na casa e aos que um dia estariam nela. Mesclados com eles estavam os sacerdotes e os clérigos da mesma.Uma montanha muito alta fechava aquele vale por um lado. Enquanto (São) João Dom Bosco pensava no que faria com aqueles moços, uma voz disse-lhe:
— Vês aquela montanha? Pois bem, é necessário que você e os teus ganhem sua cima.
Então, ele deu ordem a todas aquelas turbas de encaminhar-se ao lugar indicado. Os jovens ficaram em marcha e começaram a escalar a montanha a toda pressa. Os sacerdotes da casa corriam diante animando aos moços à ascensão, levantavam os cansados e carregavam sobre suas costas aos que não podiam prosseguir a causa do cansaço. (São) João Dom Bosco, com as mangas da batina arregaçados, trabalhava mais que nenhum e tomando aos moços de dois em dois os lançava pelo ar em direção à montanha, sobre a qual caíam de pé, brincando de correr depois alegremente por uma e outra parte.
Dom Cagliero e Dom Francesia percorriam as filas gritando:
— Animo, adiante! Adiante; ânimo!
Em pouco mais de uma hora aqueles numerosos grupos de jovens tinham alcançado a cúpula: (São) João Dom Bosco também tinha ganho a meta.
— E agora o que faremos? — disse.
E a voz acrescentou:
— Deves percorrer com teus jovens essas dez colinas que contemplas diante de ti, dispostas uma após a outra.
— Mas como poderemos suportar uma viagem tão longa, com tantos jovens tão pequenos e tão delicados?
— Quem não possa servir-se de seus pés, será transportado — lhe respondeu —.
E eis aqui que, em efeito, aparece por um extremo da colina uma magnífica carruagem. Tão formosa era que resultaria impossível descrevê-la, mas algo se pode dizer. Tinha forma triangular e estava dotada de três rodas que se moviam em todas direções. Dos três ângulos partiam três hastes que se uniam em um ponto sobre a mesma carruagem formando como o teto de uma parreira. Sobre o ponto de união levantava-se um magnífico estandarte no qual estava escrito com caracteres cubitais, esta palavra: INOCÊNCIA. Uma franja corria ao redor de toda a carruagem formando uma orla e na qual aparecia a seguinte inscrição: Adjutorio Dei Altissimi Patris et Filii et Spiritus Sancti.
O veículo, que resplandecia como o ouro e que estava guarnecido de pedras preciosas, avançou chegando a colocar-se em meio dos jovens. Depois de recebida uma ordem, muitos meninos subiram a ele. Seu número era de uns quinhentos. Apenas quinhentos entre tantos milhares e milhares de jovens, eram inocentes!
Um vez ocupado o carro, (São) João Dom Bosco pensava por que caminho teria que dirigir-se, quando viu ante sua vista uma larga e cômoda caminho, semeada ao mesmo tempo de espinhos. Em instantes apareceram seis jovens que tinham morrido no Oratório, vestidos de branco e hasteando uma muito formoso bandeira em que se lia: POENUENTIA (?). Estes foram colocar se à cabeça de todas aquelas falanges de moços que tinham que continuar a viagem a pé.
Seguidamente se deu o sinal de partida. Muitos sacerdotes se lançaram ao varal da carruagem, que começou a mover-se atirado por eles. Os seis jovens vestidos de branco seguiram-lhes. Detrás ia toda a multidão dos moços. Acompanhados de uma música muito formosa e indescritível; os que foram na carruagem entoaram o te Sentencie, pueri, Dominum.
(São) João Dom Bosco prosseguia seu caminho como embriagado por aquela melodia do céu, quando lhe ocorreu olhar para trás para comprovar se todos os jovens lhe seguiam. Mas oh doloroso espetáculo! Muitos tinham ficado no vale e outros muitos tornaram para atrás. Presa de inexprimível dor decidiu refazer o caminho já feito para persuadir a aqueles insensatos de que continuassem na empresa e para ajudá-los a segui-lo. Mas lhe foi negado categoricamente.
— Se não os ajudar, estes pobrezinhos perder-se-ão — exclamou cheio de dor.
— Pior para eles, — foi respondido —. Foram chamados como outros e não quiseram te seguir. Conhecem o caminho que terás que percorrer e isso basta.
(São) João Dom Bosco quis replicar; rogou, insistiu, mas tudo foi inútil.
— Também você tem que praticar a obediência — lhe disse.
E sem dizer mais, prosseguiu seu caminho.
Incluso no se tinha refeito desta dor, quando aconteceu outro lamentável incidente.
Muitos dos jovens que se encontravam na carruagem, pouco a pouco, tinham caído da carruagem. Dos quinhentos apenas se ficavam cento e cinqüenta sob o estandarte da inocência.
A (São) João Dom Bosco parecia-lhe que o coração lhe ia estalar no peito por aquela insuportável angustia. Abrigava, contudo, a esperança de que aquilo fosse somente um sonho; fazia toda classe de esforços para despertar, mas cada vez se convencia mais de que sei tratava de uma terrível realidade. Batia palmas e ouvia o ruído produzido por suas mãos: gemia e percebia seus gemidos ressonando na habitação; queria dissipar aquele terrível pesadelo e não podia.
— Ah, meus queridos jovens! — exclamou ao chegar a este ponto da narração do sonho. Eu vi e reconheci aos que ficaram no vale; aos que voltaram atrás e aos que caíram da carruagem. Reconheci-os a todos. Mas não duvidem que farei toda sorte de esforços a meu alcance para salvá-los. Muitos de Vós por mim convidados a que se confessassem, não responderam a minha chamada. Por caridade, salvem suas almas.
Muitos dos jovenzinhos que caíram do carro foram colocar-se pouco a pouco entre as filas dos que caminhavam detrás da segunda bandeira.
Enquanto isso, a música do carro continuava, sendo tão doce, que a dor de (São) João Dom Bosco foi desaparecendo.
Tínhamos passado já sete colinas e ao chegar à oitava, a multidão de jovens chegou a um muito belo povoado no qual descansaram. As casas eram de uma riqueza e de uma beleza indescritíveis.
Ao falar com os jovens sobre aquele lugar, exclamou:
— Dir-lhes-ei com a Santa Teresa o que ela afirmou das coisas do Paraíso: são coisas que se se falar delas perdem valor, porque são tão belas que é inútil esforçar-se em descrever. Portanto, só acrescentarei que as colunas daquelas casas pareciam de ouro, de cristal e de diamante ao mesmo tempo, de forma que produziam uma grata impressão, saciavam à vista e infundiam um gozo extraordinário. Os campos estavam repletos de árvores em cujos ramos apareciam, ao mesmo tempo, flores, gemas, frutos amadurecidos e frutos verdes. Era um espetáculo encantador.
Os jovenzinhos se esparramaram por toda parte; atraídos uns por uma coisa, outros por outra, e desejosos ao mesmo tempo de provar aquelas frutas.
Foi neste povoado onde o jovem de que falamos, encontrou-se com (São) João Dom Bosco, tendo com ele um prolongado diálogo. Ambos recordavam depois as perguntas e respostas da conversação que tinham mantido. Singular combinação de dois sonhos!
(São) João Dom Bosco experimentou aqui outra estranha surpresa. Viu de repente a seus jovens como se tornavam velhos; sem dentes, com o rosto cheio de rugas, com os cabelos brancos; encurvados, caminhando com dificuldade, apoiados em bengalas. O servo de Deus estava maravilhado daquela metamorfose, mas a voz disse-lhe:
— Você se maravilha; mas tem que saber que não faz horas que saiu do vale, mas anos e anos. Foi a música a que tem feito que o caminho te parecesse curto. Em prova do que te digo, observa tua fisionomia e te convencerás de que te estou dizendo a verdade.
Então a (São) João Dom Bosco foi apresentado um espelho. Olhou-se nele e comprovou que seu aspecto era o de um homem ancião, de rosto coberto de rugas e de boca desdentada.
A comitiva, enquanto isso, voltou a ficar em marcha e os jovens manifestavam desejos de quando em quando de deter-se para contemplar algumas costumes que eram para eles completamente novas. Mas (São) João Dom Bosco lhes dizia:
— Adiante, adiante, não necessitamos de nada; não temos fome, não temos sede, portanto, prossigamos adiante.
Ao fundo, ao longe, sobre a décima colina despontava uma luz que ia sempre em aumento, como se saísse de uma maravilhosa porta. Voltou a ouvir-se novamente o canto, tão harmonioso, que somente no Paraíso pode-se ouvir e gostar de uma coisa igual. Não era uma música instrumental, mas sim mas bem produzida por vozes humanas. Era algo impossível de descrever, e tanto foi o júbilo que inundou a alma de (São) João Dom Bosco, que despertou encontrando-se no leito.
Eis aqui a explicação que o [Santo] fez do sonho.
— O vale é o mundo. A montanha, os obstáculos que impedem de nos separar dele. A carruagem, vocês entendem (a inocência). Os grupos de jovens a pé, são os que, perdida a inocência, arrependeram-se de seus pecados.
(São) João Dom Bosco acrescentou também que as dez colinas representavam os dez Mandamentos da Lei de Deus, cuja observância conduz à vida eterna.
Depois acrescentou que se havia necessidade disso estava disposto a dizer confidencialmente a alguns jovens o papel que desempenhavam no sonho, se ficaram no vale ou se caíram da carruagem.
Ao baixar (São) João Dom Bosco da tribuna, o aluno Antonio Ferraris se aproximou dele e lhe contou diante de nós, que ouvimos suas palavras, que na noite anterior tinha sonhado que se encontrava em companhia de sua mãe, a qual lhe tinha perguntado se para a festa de Páscoa iria casa a passar uns dias de férias, e que ele havia dito que antes de dita data teria voado ao Paraíso… Depois, confidencialmente disse algumas palavras ao ouvido de (São) João Dom Bosco. Antonio Ferraris morreu em 16 de março de 1865.
Nós — continua Dom Lemoyne — escrevemos o sonho imediatamente e a mesma noite de 22 de outubro de 1864, acrescentamos-lhe ao final a seguinte adendo: “Tenho a segurança de que (São) João Dom Bosco em suas explicações procurou velar o que o sonho tem de mais surpreendente, ao menos respeito a algumas circunstâncias. A explicação dos dez Mandamentos não me satisfaz. A oitava colina sobre a qual (São) João Dom Bosco faz uma parada e o contemplar-se no espelho tão ancião, acredito que quer indicar que o [Santo] morreria passados os setenta anos. O futuro falará”.
Este tempo aconteceu e nós temos que ratificar nossa opinião. O sonho indicava a (São) João Dom Bosco a duração de sua vida. Confrontemos com este o (sonho) da Roda, que só pudemos conhecer alguns anos depois.
As voltas da roda procedem por decênios: avança-se de uma a outra colina de dez em dez anos. As colinas são dez, representando uns cem anos que é o máximo da vida do homem.
No primeiro decênio vemos (São) João Dom Bosco, ainda menino, começando sua missão entre seus companheiros do Bechi, dando assim principio a sua viagem; depois comprovamos como percorre sete colinas, isto é, sete decênios, chegando, portanto, aos setenta anos de idade; sobe à oitava colina e nela descansa: contempla casas e campos maravilhosos, ou melhor dizendo, sua Pia Sociedade, que cresceu e produziu frutos pela bondade infinita de Deus. O caminho a percorrer na oitava colina é ainda largo e o (Santo) empreende a marcha; mas não chega à novena colina porque acordada antes. E assim finalizou sua carreira no oitavo decênio, pois morreu aos setenta e dois anos e cinco meses de idade.
O que opina o leitor de tudo isto? Acrescentaremos que a noite seguinte, havendo-nos perguntado (São) João Dom Bosco a nós mesmos, qual era nosso pensamento sobre este sonho, respondemos-lhe que nos parecia que não se referia somente aos jovens, mas sim também queria significar a dilatação da Pia Sociedade (Salesiana) por todo mundo.
Mas como? — replicou um de nossos irmãos —; temos já Colégios no Mirabello e em Lanço e se abrirá algum outro mais no Piamonte. Que mais quer?
— São muito diferentes os destinos anunciados pelo sonho — dissemos.
E (São) João Dom Bosco aprovava sorridente nossa opinião.
M. B. Volume VII
Fonte:

Santo Afonso Maria de Ligório e a Comunhão!

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Quantas pessoas deixam de procurar a comunhão para não se sentirem obrigadas a viver com maior recolhimento e maior desapego das coisas desta terra. Esse é o motivo verdadeiro porque muitos não comungam com maior frequência. Sabem que a comunhão diária não pode estar junto com o desejo de aparecer, com a vaidade no vestir, com o apego aos prazeres da gula, as comodidades, as conversas maldosas. Sabem que deveria haver mais oração, praticar mais mortificações internas e externas, maior recolhimento. É por isso que se envergonham de aproximar mais vezes da comunhão. Sem dúvida, tais pessoas fazem bem em deixar a comunhão frequente enquanto se acham neste estado lastimoso de tibieza. Mas deve sair dessa situação de tibieza quem se sente chamado a uma vida mais perfeita e não quer pôr em perigo a própria salvação eterna.

É também muito bom para se manter com fervor espiritual, fazer frequentemente a 'comunhão espiritual', louvado pelo Concílio de Trento, que exorta os fiéis a praticá-la. Ela consiste num fervoroso desejo de receber a Jesus Cristo na Eucaristia. Por isso os santos a faziam várias vezes ao dia. O modo de fazê-la é este: "Meu Jesus, creio que estais no Sacramento da Eucaristia. Amo-vos e desejo vos receber; vinde à minha alma. Uno-me a Vós e Vos peço que não permitais que nunca me separe de Vós". Ou então, simplesmente: "Meu Jesus, vinde a mim, eu quero Vos receber para que vivamos intimamente unidos e não Vos separeis de mim". Este tipo de comunhão espiritual pode ser feito várias vezes ao dia, quando se reza, ou se faz uma visita ao Santíssimo Sacramento ou também na missa quando não se pode comungar. A Bem-aventurada Águeda da Cruz costumava dizer: "Se não me tivessem ensinado este modo de comungar muitas vezes ao dia, não sei como poderia viver". 

Ó alma, eleva os olhos a Deus

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"Ó alma, o teu exemplo é Deus, beleza infinita, luz sem sombras, esplendor que supera aquele da lua e do sol. Eleva os olhos a Deus, em quem se encontram os arquétipos de todas as coisas e do qual, como de uma fonte de fecundidade infinita, deriva essa variedade quase infinita das coisas. Portanto, deves concluir: quem encontra a Deus, encontra tudo; quem perde a Deus, perde tudo."

"Se tens sabedoria, compreendes que foste criado para a glória de Deus e para a tua salvação eterna. É este o teu objetivo, este é o centro da tua alma, este é o tesouro do teu coração. Por isso, considera como verdadeiro bem para ti aquilo que te conduz ao teu fim, e verdadeiro mal aquilo que te priva dele. Acontecimentos favoráveis ou adversos, riquezas e pobrezas. saúde e doença, honras e ofensas, vida e morte, o sábio não deve nem procurá-los, nem rejeitá-los por si mesmo. Mas só serão bons e desejáveis se contribuírem para a glória de Deus e para a tua felicidade eterna; são maus e devem ser evitados, se a impedirem."

São Roberto Belarmino, Elevação da Mente a Deus

Jesus Cristo é uma Ponte

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Deus Pai a Sta Catarina de Sena

Para ajudar-vos a deixar o mundo e chegar à vida eterna, foi preciso que eu reconstruísse a estrada interrompida. Com material puramente humano, era impossível fazer uma ponte de envergadura tal, que atravessasse o rio do pecado e atingisse a vida eterna. Vossa natureza humana era incapaz de satisfazer pela culpa e de cancelar a mancha do pecado de Adão, mancha que estragara a humanidade e lhe dera o mau cheiro da culpa. Ocorreu que o humano se unisse à Deidade eterna; somente assim foi possível dar satisfação por todos os homens. A natureza humana iria padecer e a divina aceitaria o sacrifício em meu Filho, sacrifício oferecido na intenção de retirar-vos da morte e restituir-vos a vida. Desse modo, o Altíssimo humilhou-se ao plano do humano e das duas naturezas construiu a ponte, desobstruindo a estrada. Para quê? A fim de que vós pudésseis ser felizes com os anjos. Todavia, de nada adiantaria terdes meu Filho como ponte, se não a atravessásseis.

Descrição da Ponte

(...) Quero descrever-te a ponte. Já disse que ela se estende do céu à terra, graças à união (hipostática) que realizei com o homem formado do limo da terra. Essa ponte é meu Filho e possui três degraus; dois deles foram construídos no madeiro da cruz e o terceiro, quando ele na amargura bebeu fel e vinagre. Em tais degraus reconhecerás três estados da alma, como abaixo explicarei. O primeiro degrau é formado pelos pés; significam o amor, pois como os pés transportam o corpo, assim o (duplo) amor faz caminhar a alma. Os pés cravados na cruz servem-te de degrau para atingir a chaga do peito, que te revela o segredo do coração. Após subir até aos pés pelo amor, o homem fixa o pensamento no coração aberto de Cristo e saboreia sua caridade inefável e consumada. Disse caridade "consumada", porque Cristo vos ama sem interesse pessoal; em nada sois de utilidade para ele, que forma uma só coisa comigo. Vendo-se amada, a pessoa se enche de caridade. Enfim, após atingir o segundo degrau, chega-se ao terceiro, que é a boca de Cristo. Nela o homem encontra a paz, depois (de vencer) a grande guerra contra as próprias culpas. No primeiro degrau o cristão se afasta da afeição terrena, despoja-se dos vícios; no segundo, adquire as virtudes; no terceiro, goza a paz. São três, portanto, os degraus da ponte: passa-se do primeiro ao segundo, para atingir o último. A ponte é alta; quando se passa por ela, a água do pecado não atinge a alma. Em Jesus não houve pecado.

Cristo atrai a si todas as coisas

Essa ponte acha-se no alto, mas não separada dos homens. Sabes quando se ergueu? No momento em que Cristo foi elevado no lenho da cruz. Então, a natureza divina continuava unida à vossa pequenez; meu Filho amalgamara-se com a natureza humana. Antes de ser erguida, ninguém passava por tal ponte. Jesus mesmo disse: "Quando eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas" (Jo 12,32). Julguei que não havia outra maneira de vos atrair; enviei, pois, meu Filho para ser cravado na cruz, bigorna em que seria fabricado o filho do homem, livrando-o da morte e restituindo-o à vida. Ao manifestar sua imensa caridade, meu Filho atraiu a si todas as coisas. É sempre o amor que atrai o coração humano. Dando sua vida por vós, ele revelou o amor maior (Jo 15,13). Quando não existe no homem a oposição maldosa, a força do amor atrai sempre.

Portanto, segundo quanto afirmou, meu Filho atrairia a si todas as coisas ao ser elevado na cruz. Essa verdade pode ser entendida de duas maneiras. Primeiro, no sentido explicado. Porque o coração humano, ao ser atraído pelo amor, leva consigo todas as faculdades da alma: a memória, a inteligência, a vontade. Quando são harmonizadas e reunidas tais faculdades, todas as ações humanas - corporais ou espirituais - ficam-me agradáveis, pois unem-se a mim na caridade. Foi exatamente para isso que meu Filho se elevou na cruz, trilhando os caminhos do amor cruciante. Ao dizer, "quando eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas", ele queria significar: quando o coração humano e as faculdades forem atraídas, todas as demais faculdades e suas ações também o serão. Em segundo lugar, há um outro significado: que todos os seres foram criados para o homem. Os demais seres devem servir ao homem, não ao contrário. Só a mim ele há de servir, com todo o afeto do seu coração. Compreendes, então? Se a humanidade for atraída, todos os demais seres a seguirão, pois para o homem foram criados.

Tal é a finalidade por que a ponte, Cristo, foi colocada no alto, e por que possui três degraus: para ser mais facilmente percorrida.

O material da ponte

O pavimento desta ponte é feito de pedras, a fim de que a chuva (da justiça divina) não retenha o caminhante. "Pedras" são as virtudes verdadeiras e reais. Antes da paixão de meu Filho, elas ainda não tinham sido assentadas, motivo pelo qual os antigos não atingiam o céu, mesmo que vivessem piedosamente. O Paraíso ainda não fora aberto com a chave do Sangue, e a chuva da justiça divina impedia a caminhada. Quando aquelas pedras foram assentadas no corpo do meu Filho - por mim comparado a uma ponte - foram embebidas, amalgamadas e assentadas com sangue. Em outras palavras: o sangue (humano) foi misturado com a cal da divindade e fortemente queimado no calor da caridade. Tais pedras foram postas em Cristo por mim, mas é nele que toda virtude é comprovada e vivificada. Fora de Jesus ninguém possui a vida da graça. Ocorre estar nele, trilhar suas estradas, viver sua mensagem. Somente ele faz crescer as virtudes, somente ele as constrói como pedras vivas, cimentando-as com o próprio sangue. Nele, todos os fiéis caminham na liberdade, sem o medo da justiça divina, pois vão cobertos pela misericórdia, descida do céu no dia da encarnação. Foi a chave do sangue de Cristo que abriu o céu.

Portanto, esta ponte é ladrilhada, seu telhado é a misericórdia. Possui também uma despensa, constituída pela hierarquia da santa Igreja, que conserva e distribui o Pão da vida e o Sangue. Assim, minhas criaturas, viandantes e peregrinas, não fraquejam de cansaço na viagem. Para isto ordenei que vos fosse dado o Corpo e o Sangue do meu Filho, Homem-Deus.

Os dois caminhos

Para atravessar a ponte, chega-se a uma porta, que é o próprio Cristo; por ela todos os homens devem passar. Disse Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; quem vai por mim não caminha nas trevas, mas na luz" (Jo 8,12); e em outra passagem afirma que ninguém oide chegar a mim a não ser por meio dele (Jo 14,6). Se ainda bem recordas, foi o que te disse uma vez e fiz ver. Se Jesus diz que ele é o caminho, profere uma verdade. Eu o mostrei a ti na figura de uma ponte; sua afirmação é verdadeira; ele está unido a mim, suma Verdade. Quem o segue caminha na Verdade. Ele é também a Vida; seus seguidores possuem a vida da graça, não padecem fome; ele é o alimento. Nem vivem na escuridão; Jesus é a Luz. Em Cristo não existe mentira. Pela verdade ele confundiu e destruiu a mentira do demônio, enganador de Eva. Aquela mentira destruíra a estrada (do céu); Jesus a reconstruiu no seu sangue. Quem vai por tal caminho é filho da Verdade, atravessa a ponte e chega até mim, Verdade eterna, oceano de paz.

Quem não trilha esse caminho, vai pela estrada inferior, no rio do pecado. É uma estrada sem pedras, feita somente de água, inconsistente; por sobre ela ninguém vai sem se afundar. É o caminho dos prazeres e das altas posições, daqueles cujo amor não repousa em mim e nas virtudes, mas no apego desordenado ao que é humano e passageiro. Tais pessoas são como a água, sempre a escorrer. À semelhança daquelas realidades, vão passando. Eles acham que são as coisas criadas, objeto de seu amor, que se vão; na realidade, também eles caminham continuamente em direção à morte. Bem que gostariam de deter-se, reter na vida, segurar as coisas que amam. Seriam felizes se as coisas não passassem. Perdem-nas todavia, seja por causa da morte, seja pelos acontecimentos com que faço escapar-lhes das mãos os bens deste mundo. Tais pessoas vão pela mentira, por suas estradas; são filhos do demônio, pai da mentira. Entram por essa porta e vão para a condenação eterna.

Mostrei-te, assim, o meu caminho, o da Verdade, e o caminho do demônio, que é o da mentira. São duas estradas. Ambas exigem fadiga. Vê como é enorme a maldade, a cegueira humana. Sendo-lhe preparada a ponte, o homem prefere ir pela correnteza.

A estrada da ponte é muito agradável aos caminhantes. Toda amargura se torna doce; todo peso, leve. Embora na obscuridade dos sentidos, vão na luz; embora mortais, já possuem a vida sem fim. Pelo amor e pela fé, saboreiam meu Filho, Verdade eterna, que prometeu o prêmio para os que por mim se afadigam. Sou grato, reconhecido e justo; pagarei com eqüidade, segundo o merecimento. Toda ação boa será remunerada, assim como toda culpa será punida. Tua linguagem é insuficiente a descrever o gozo concedido a quem segue este caminho; nem teus ouvidos seriam aptos a escutar e os olhos a ver. Experimentam-se neste caminho coisas reservadas para a outra vida!

Como é louco aquele que despreza tão grandes bens, indo pelo rio, embaixo; prefere alimentar-se, já nesta vida, com aperitivos do inferno. Segue por entre muitos sofrimentos, sem satisfações, na carência de todo bem. Tudo isso, porque se privou de mim, sumo e eterno Bem, pelo pecado. Tens razão em lamentar-te! Quero que outros servidores sintam contínua tristeza porque sou ofendido; que sintam compaixão diante da maldade e ruína dos pecadores.

Tens desse modo a descrição da ponte. Disse todas essas coisas, para revelar-te que meu Filho unigênito é uma ponte, conforme afirmara antes. Agora sabes como de fato ele une as alturas com a pequenez!

Diálogos de Sta Catarina de Sena, Doutora da Igreja

Ordenação diaconal do Ir.Andreas, OSB. S.E.R Monsenhor Richard Williamson

As pequenas mortificações

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Oh! Como gosto dessas pequenas mortificações que não são vistas por ninguém, como levantar-se um quarto de hora mais cedo, levantar-se um momentinho para rezar durante a noite; não falta, porém, quem só pense em dormir.

Pode a gente privar-se de se aquecer; se se acha mal sentado, não procurar colocar-se melhor; se passeia no seu jardim, privar-se de alguns frutos que dariam prazer; cuidando da casa, pode-se não comer alguns pedacinhos que se apresentam, privar-se de ver alguma coisa que atrai o olhar e que é bonita, sobretudo nas ruas das grandes cidades. Quando vamos pelas ruas, fixemos o nosso olhar em Nosso Senhor carregando a cruz na nossa frente, na Santíssima Virgem que nos olha, no nosso anjo da guarda que está ao nosso lado.

É ainda uma coisa boa renunciar à própria vontade. A vida de uma pobre criada, que não tem outra vontade senão a dos patrões, se ela souber pôr a proveito essa renúncia, pode ser tão agradável a Deus quanto a de uma religiosa que está sempre em face da regra.

No próprio mundo, a toda hora, acha-se em que renunciar à própria vontade: priva-se a gente de uma visita que dá prazer, cumpre uma obra de caridade que aborrece, deita-se dois minutos mais cedo; quando duas coisas se apresentam a fazer, dá-se preferência à que nos agrada menos...

S. João Maria Vianney, Pensamentos Escolhidos do Cura D'Ars.

Missa Tridentina X Missa Nova - Palestra do Padre Joaquim

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Nota do Blog: O Padre Joaquim, do Mosteiro Nossa Senhora do Rosário e da Fé, realizou na cidade de Anagé - BA uma palestra sobre a diferença da Santa Missa Tridentina para a Missa Nova, destacando a importância de ser verdadeiramente católico.





Fonte:
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